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hOLD

ESTREIA 2025

O envelhecimento, enquanto fenómeno universal, encerra uma multiplicidade de

dimensões – física, psicológica, social e cultural. A narrativa associada ao processo de

envelhecimento, frequentemente ligada a uma perda de capacidades, contrasta com a

realidade de indivíduos que, no decorrer deste processo, continuam a desempenhar

um papel ativo e significativo na sociedade. Esta dicotomia desafia estereótipos e

promove uma reflexão sobre as potencialidades e contribuições dos indivíduos

séniores, nos mais diversos contextos.

Este projeto propõe explorar a poética e a ferocidade inerentes ao processo de

envelhecimento, a partir das suas implicações em várias esferas da vida humana.

Considerando a singular capacidade dos seres humanos em reconhecer a passagem

do tempo e diferenciar as suas dimensões: passado - presente - futuro, Simone de

Beauvoir destaca que, de uma maneira geral, refletimos frequentemente com

propriedade sobre o futuro, mas resguardamo-nos ao revistar o passado,

especialmente quando se trata de trazer dele um sentido critico construtivo,

subestimando a sabedoria e experiência.

 

São Castro e Teresa Alves da Silva, ambas bailarinas-intérpretes profissionais, perto dos

50 anos, e tendo em conta que legalmente segundo o Decreto-Lei nº 482/99, os

bailarinos profissionais de clássico ou contemporâneo podem aceder, a partir dos 45

anos, ao regime especial de pensão por velhice, propõem uma reflexão que se

estende à consciência presente de uma transição que acontece significativamente no

corpo. Uma transição que não só valoriza um passado mas pavimenta a criação de

novas narrativas e o desenvolvimento de novas expressões no futuro.

 

“hOLD” representa uma tentativa de agarrar o tempo, para perceber como melhor

prosseguir. Segurar por instantes a essência do momento presente, extraindo dele o

que de facto resulta do chegar até aqui.

Chegar aqui, poderá envolver uma nova e diferente forma de mover e pensar, a partir

de perspetivas profundas e uma dimensão interpretativa que apenas a vivência

acumulada permite. Como refere Charles Augustin Sainte-Beuve “ Envelhecer ainda é

a única maneira que se descobriu de viver muito tempo”.

O processo de criação desta peça será acompanhado por obras relacionadas com a

temática, de autores como Cícero, Hermann Hesse, Yvonne Rainer, Manuel Curado e

Simone de Beauvoir, como inspiração para uma reflexão profunda sobre esta etapa

madura da existência, não apenas como uma questão biológica, mas também como

uma construção social com implicações éticas e existenciais.

FICHA ARTÍSTICA e TÉCNICA

// 50 min. || m/ 6 anos

// CONCEITO, COREOGRAFIA E INTERPRETAÇÃO :: São Castro e Teresa Alves da Silva

// DESENHO DE LUZ :: Cárin Geada

// FIGURINOS :: Dino Alves

// CENOGRAFIA :: Nuno Esteves (Blue)

// CONSULTORIA ARTÍSTICA :: António M Cabrita

// MÚSICA :: ( a definir )

// PRODUÇÃO :: PLAY FALSE, Associação Cultural (PT)

// COPRODUÇÃO :: Centro Cultural de Belém, Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão,

Teatro Viriato/Viseu, Teatro Municipal de Faro, Teatro Garcia de Resende/Évora, Cineteatro Alba / Albergaria-a-Velha

// APOIO A RESIDÊNCIAS ARTISTICAS :: Orsolina 28 / Itália, Centro Coreográfico Canal /Madrid, Teatro Viriato, CCB

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