O SILÊNCIO DE SARAMAGO
de e com Catarina Câmara
O SILÊNCIO DE SARAMAGO
de e com Catarina Câmara
hOLD
ESTREIA 2025
O envelhecimento, enquanto fenómeno universal, encerra uma multiplicidade de
dimensões – física, psicológica, social e cultural. A narrativa associada ao processo de
envelhecimento, frequentemente ligada a uma perda de capacidades, contrasta com a
realidade de indivíduos que, no decorrer deste processo, continuam a desempenhar
um papel ativo e significativo na sociedade. Esta dicotomia desafia estereótipos e
promove uma reflexão sobre as potencialidades e contribuições dos indivíduos
séniores, nos mais diversos contextos.
Este projeto propõe explorar a poética e a ferocidade inerentes ao processo de
envelhecimento, a partir das suas implicações em várias esferas da vida humana.
Considerando a singular capacidade dos seres humanos em reconhecer a passagem
do tempo e diferenciar as suas dimensões: passado - presente - futuro, Simone de
Beauvoir destaca que, de uma maneira geral, refletimos frequentemente com
propriedade sobre o futuro, mas resguardamo-nos ao revistar o passado,
especialmente quando se trata de trazer dele um sentido critico construtivo,
subestimando a sabedoria e experiência.
São Castro e Teresa Alves da Silva, ambas bailarinas-intérpretes profissionais, perto dos
50 anos, e tendo em conta que legalmente segundo o Decreto-Lei nº 482/99, os
bailarinos profissionais de clássico ou contemporâneo podem aceder, a partir dos 45
anos, ao regime especial de pensão por velhice, propõem uma reflexão que se
estende à consciência presente de uma transição que acontece significativamente no
corpo. Uma transição que não só valoriza um passado mas pavimenta a criação de
novas narrativas e o desenvolvimento de novas expressões no futuro.
“hOLD” representa uma tentativa de agarrar o tempo, para perceber como melhor
prosseguir. Segurar por instantes a essência do momento presente, extraindo dele o
que de facto resulta do chegar até aqui.
Chegar aqui, poderá envolver uma nova e diferente forma de mover e pensar, a partir
de perspetivas profundas e uma dimensão interpretativa que apenas a vivência
acumulada permite. Como refere Charles Augustin Sainte-Beuve “ Envelhecer ainda é
a única maneira que se descobriu de viver muito tempo”.
O processo de criação desta peça será acompanhado por obras relacionadas com a
temática, de autores como Cícero, Hermann Hesse, Yvonne Rainer, Manuel Curado e
Simone de Beauvoir, como inspiração para uma reflexão profunda sobre esta etapa
madura da existência, não apenas como uma questão biológica, mas também como
uma construção social com implicações éticas e existenciais.

FICHA ARTÍSTICA e TÉCNICA
// 50 min. || m/ 6 anos
// CONCEITO, COREOGRAFIA E INTERPRETAÇÃO :: São Castro e Teresa Alves da Silva
// DESENHO DE LUZ :: Cárin Geada
// FIGURINOS :: Dino Alves
// CENOGRAFIA :: Nuno Esteves (Blue)
// CONSULTORIA ARTÍSTICA :: António M Cabrita
// MÚSICA :: ( a definir )
// PRODUÇÃO :: PLAY FALSE, Associação Cultural (PT)
// COPRODUÇÃO :: Centro Cultural de Belém, Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão,
Teatro Viriato/Viseu, Teatro Municipal de Faro, Teatro Garcia de Resende/Évora, Cineteatro Alba / Albergaria-a-Velha
// APOIO A RESIDÊNCIAS ARTISTICAS :: Orsolina 28 / Itália, Centro Coreográfico Canal /Madrid, Teatro Viriato, CCB